Tenho muitos galhardetes, bonecos e bandeirinhas Tenho muitos calendários com vaidades de maminhas Tenho muitos amuletos p'ra que a estrada me ilumine Tenho sonho, tenho cama, a minha casa é a cabine.
Sou camionista, sou o maior Sou camionista, sou o maior Tenho a minha auto-pista Onde sou rei e sou cantor…
Tenho vinte e quatro rodas e cavalos p'ra puxar Tenho um rolo de papel p'ra quando me quero assoar Tenho duas tatuagens, muitas curvas por fazer Uma diz amor de mãe, a outra diz talvez.
Tenho sono, tenho fome, mas nunca quero parar Só não sei por que encosto quando vejo um polegar Tenho braços bué da fortes que é p'ra agarrar no volante Mas sinto logo uma fraqueza quando ligas o cantante.
Sou camionista, sou o maior Sou camionista, sou o maior Tenho a minha auto-pista Onde sou rei e sou cantor
Em solidariedade para com os camionistas em greve, apesar de todo o transtorno que sei que me vai causar toda esta situação se se prolongar, aqui deixo a minha admiração... Pelo menos há pessoas que ainda lutam por ideais...
Tinha cerca de 9 anos quando, pela primeira vez, vi este videoclip. Na altura os meus pais já tinham trocado o filtro azul que permaneceu anos pendurado na nossa televisão a preto e branco para uma verdadeiramente a cores... Fiquei fascinada...
Como todas as raparigas que têm uma irmã mais velha, inevitavelmente herdei toda a roupa da minha irmã.
Os meus pais não tinham muito dinheiro e a minha tia-avó fazia grande parte da nossa roupa. Era moda na altura os irmãos andarem vestidos de igual e assim... além de ter que vestir roupa igual à da minha irmã... quando lhe deixava de servir passava automaticamente para mim...
Nunca nos vestimos de acordo com as últimas tendencias da moda. Nem tão poco sabiamos ao certo o que isso era. Sei que nunca me identifiquei com as roupas que teimosamente me tentavam enfiar...
Na altura as guerras que tinha com a minha mãe era apenas com a roupa e o cabelo.
Lembro me que tinha cerca de 8 anos e tentei fazer um corte diferente do corte de cabelo da minha irmã... O resultado foi terrivel... quando a minha mãe me viu com o cabelos com pontas maiores que outras arrastou me para o cabeleireiro no Rossio e mandou cortarem me o cabelo à rapaz. Nesse dia fui literalmente de "rastos" para casa. Foi a única forma que a minha mãe encontrou para me tirar do cabeleireiro...
O fenomeno "Madonna" foi de certa forma a libertação de grande parte das raparigas da minha idade. Aprendemos que afinal havia pessoas que não se conformavam com a tendencia da moda e que ditavam as suas proprias regras... Outras cantoras vieram contribuir para isso mesmo, como por exemplo a Nina Hagen e a Cindy Lauper.
Só por volta dos doze é que comecei a ter mais liberdade no meu vestuário. Não havia muitas lojas acessiveis para se comprar roupa mas sempre que podia, arrastava a minha mãe para os Profirios, a loja de roupa com a qual eu mais me identificava... Talvez por ter roupa diferente. Com a falta de possibilidades e falta escolha comecei a usar a imaginação para vestir me como eu queria...
Como ter este look?
Não havia bermudas à venda. .. nem camisolas transparentes... nem luvas de renda sem dedos...
Encontrei na altura a solução na vasta colecção de collans pretos que eu tinha.... Como?
Ok, todos sabem como é um par de collans... Existem vários tipos de collans... eu usava sobretudo os de mousse (ligeiramente parecidos com estes mas sem o brilho) e os opacos (que como o nome indica ligeiramente mais grossos e não são transparentes).
Como fazer bermudas:
Pegar nuns collans opacos e cortar os pes na medida que se quer... (ainda hoje faço isso)
Como fazer Camisolas transparentes:
Pegar nuns collans de mousse e cortar os pés. Fazer um buraco grande na parte de cima. Veste se os collans ao contrario. No sitio das pernas ficam os braços.
E as Luvas?
Aproveitar os pés que se cortam e cortar a zona dos dedos, fazer um buraco para o dedo polegar...
Enfim...
Tudo isto para dizer que para mim a Madonna foi uma personagem bastante importante e que contribuiu sem qualquer dúvida para a formação da minha personalidade...
Neste momento a nivel musical pouco me diz... No entanto, as mensagens de várias músicas, das mais antigas, não deixam de, ainda hoje, ter algum significado para mim...
Perdi o primeiro concerto que ela deu cá em Portugal. Este não vou perder com toda a certeza.
É assim, há dias que me apetece escrever... Hoje foi um deles...
"Se a nossa vida é provisória, que seja linda e louca nossa história, pois o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
Fernando Pessoa